domingo, 6 de setembro de 2015

Alergia a Eletromagnetismo, você sabe o que é?

Francesa conquista direito a pensão por 'alergia a eletromagnetismo'



Uma francesa ganhou o direito de receber uma pensão por invalidez por ter alergia à radiação eletromagnética de aparelhos eletrônicos.
Marine Richard, de 39 anos, receberá €800 (R$2.400) por mês durante três anos.
Ela considerou a decisão uma "conquista" para pessoas afetadas pela hipersensibilidade eletromagnética, também conhecida como EHS na sigla em inglês.
Esta não é uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que diz que suas causas não estão claras.


Richard diz que teve que mudar sua vida e passar a viver em uma área remota nas montanhas no sudeste francês, em um celeiro que não tem eletricidade.
Ela afirma ser afetada por eletrônicos comuns, como telefones celulares.
Os sintomas mais comuns relatados por quem diz sofrer desta condição incluem dores de cabeça, cansaço, náusea e palpitações.

Efeitos

Estas ondas eletromagnéticas estão ao redor de todos nós atualmente, mas não podem ser vistas.
Nos últimos anos, muitos cientistas têm pesquisado os efeitos de máquinas raio-x, televisões, rádios, celulares, internet, micro-ondas e outras fontes de eletromagnetismo.
Algumas pessoas alegam enfrentar problemas por causa destas ondas de energia e países como Suécia e Estados Unidos reconhecem esta condição como uma doença.


No entanto, a OMS diz não haver evidências científicas de que campos eletromagnéticos podem ser prejudiciais à saúde e defende que mais pesquisas sejam feitas sobre seus efeitos a longo prazo.
A pensão de Richard, determinada por um tribunal de Toulouse, não reconheceu a EHS como uma doença.

Escola processada

Em um outro caso, nos Estados Unidos, os pais de um menino de 12 anos dizem que ele foi diagnosticado com a hipersensibilidade eletromagnética.
Eles afirmam que seu filho é afetado pela conexão de internet sem fio de sua escola.
O menino teria passado a sentir dor de cabeça, sangramentos no nariz e náuseas após a rede sem fio ter sido instalada em 2013.


A escola pediu a uma empresa especializada em tecnologia de comunicação, a Isotrope, para avaliar as emissões de ondas eletromagnéticas em suas instalações.
"A Isotrope chegou à conclusão que os níveis combinados de emissões de ondas de rádio, internet, televisão, entre outros, estão dentro dos limites de segurança federal e estadual", disse a escola em uma nota.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Por que a Finlândia quer pagar um salário mínimo a todos


O que você diria se o presidente de seu país anunciasse que a partir de hoje cada cidadão – trabalhando ou não – receberá uma renda básica?
O primeiro ministro da Finlândia, Juha Sipila, diz que a medida simplificará o sistema de seguridade social do país
Isso parece um sonho, mas pode se tornar realidade em breve na Finlândia, onde o governo avalia implementar em curto prazo um projeto piloto que estabeleceria o pagamento de um salário básico a seus habitantes, independentemente da situação de trabalho.

Ainda não se sabe o valor desse pagamento nem quem poderia se candidatar a recebê-lo, mas o anúncio já despertou interesse em todo o país sobre como funcionaria a medida.
Image caption A proposta do governo estabelece quatro faixas de salário básico mensal, que iriam de US$ 445 a US$ 785
A proposta inicial foi formulada pelo primeiro-ministro do país, Juha Sipila. "Na minha opinião, outorgar um pagamento básico simplifica o sistema de seguridade social", afirmou.
O principal alvo do projeto são os desempregados. Na Finlândia, o desemprego atinge 10% da força de trabalho, cerca de 280 mil pessoas.
Com o índice de desemprego em alta, a medida já conta com apoio de 4 entre 5 finlandeses consultados.

A favor

"O pagamento de um salário básico para todos? Sim, ficaria muito feliz em receber US$ 1,1 mil (cerca de R$ 3,9 mil) por mês", comentou um homem em um centro de busca por emprego em Pori, na costa oeste do país.
No entanto, a estimativa é que o valor do pagamento fique longe dessa cifra.
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Renda básica:
  • Não é preciso ter emprego
  • Será concedida mesmo se a pessoa tiver renda de outras fontes
  • Pagamentos adicionais estarão sujeitos ao imposto de renda
  • Finlândia implementará a medida como programa piloto
  • A cidade holandesa de Utrecht iniciará um programa semelhante em setembro
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"Um pagamento mínimo estimularia as pessoas a ter um trabalho temporário", disse Paivi Hietikko, que colabora no centro de empregos.
Embora ela não tenha renda fixa no momento, recebe um pagamento pelo trabalho no local.
"Ter uma renda básica significaria que a burocracia que encontrei na agência de emprego iria diminuir", afirmou.

Mudança fundamental

Na Finlândia, quem trabalha ganha menos benefícios sociais do Estado.
Os apoiadores da renda mínima também apontam que isso pode ser uma alternativa para o complexo e caro sistema estatal de benefícios.
Para Hietikko, a proposta deve levar em conta potenciais desvantagens. "Os jovens podem perder a motivação a buscar emprego se tiverem a possibilidade de receber uns US$ 785 (R$ 2.785) por mês."
Especialistas consideram, contudo, que ainda é cedo para traçar esse tipo de cenário.
"O salário básico terá um impacto positivo ou negativo? Realmente, não podemos prever como as pessoas reagirão a essa medida", avalia Ohto Kanninen, do centro de estudos Taenk.
Image caption A igualdade de sexos, idade e origem está prevista na Constituição da Finlândia
Medidas semelhantes foram adotadas em outros países da Europa. Em Utrecht, na Holanda, um pagamento mínimo começará a ser realizado para toda a população a partir de setembro.
No Reino Unido, o Partido Verde propôs uma iniciativa parecida a todos os cidadãos britânicos durante o último processo eleitoral.

Igualdade como obstáculo

O primeiro-ministro finlandês se mostrou favorável a fazer um teste em uma região específica do país, com participantes selecionados em diferentes áreas residenciais.
Kanninen propôs testar a medida com 8 mil pessoas provenientes de grupos de baixa renda, fixando quatro níveis de pagamentos mensais, entre US$ 445 (R$ 1.579) a US$ 785 (R$ 2.785).

Com o desemprego em 10%, alguns analistas avaliam que jovens poderão perder a motivação a procurar emprego

 Se o resultado nos índices de emprego forem catastróficos durante o experimento, a medida não será implementada em escala nacional", disse

Diante disso, um dos principais obstáculos a esse projeto piloto é a Constituição da Finlândia, que estabelece que todos os cidadãos são iguais.

E a medida, em menor escala, traria uma situação de desigualdade na população.
No entanto, tendo em conta as implicações para a sociedade finlandesa como um todo, a população poderia se mostrar flexível nessa questão, de olho na recompensa ao final.


Centenas protestaram na Finlândia contra cortes no sistema de seguridade social


Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O "Cigarro" da Nova Geração

Artista ferve refrigerantes e faz pirulitos para mostrar teor de açúcar de bebidas

  
Ideia surgiu quando fotógrafo ouviu médicos afirmando que refrigerantes são 'cigarro da nova geração' 

Quando o artista e fotógrafo neozelandês Henry Hargreaves ouviu um médico dizer que refrigerantes são “o cigarro da nova geração”, ele quis encontrar uma maneira de representar o risco de maneira visual.

Cientistas acreditam que o açúcar contido nessas bebidas é um dos maiores causadores de doenças como a obesidade, a diabetes e os distúrbios cardíacos. Um estudo realizado ao longo de 22 anos por especialistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, revelou que apenas uma lata de refrigerante por dia pode aumentar o risco de um ataque cardíaco em 20%.

“Vi que outro fotógrafo fez uma série de imagens colocando a bebida ao lado de um monte de açúcar, mas achei que deveria ter uma maneira mais impactante de passar o recado”, conta Hargreaves.
Ele decidiu mostrar o que acontece depois que a água presente no refrigerante e em energéticos se evapora. Após ferver a bebida, ele pegou o conteúdo restante – uma mistura de açúcar, corantes e outros subprodutos – e o aplicou em uma forma de pirulito feita de silicone.

Para Hargreaves, refrigerantes são doces disfarçados de bebidas
 

“Acho que o pirulito é a forma perfeita porque, para mim, é isso o que um refrigerante é: um tipo de doce disfarçado como bebida”, conta.

‘Gosma nada apetitosa’

Hargreaves diz que seu projeto não tem nada de científico. As garrafas dos diferentes refrigerantes e energéticos vinham em vários tamanhos, mas cada pirulito se baseia em uma porção individual de cada bebida.

“No início, fiquei surpreso”, revela. “Há muito mais açúcar nesses alimentos do que eu pensava. Praticamente todos os moldes que eu fiz transbordaram.”

Segundo ele, o refrigerante Mountain Dew (que não é vendido no Brasil), de sabor cítrico e fabricado pela Pepsico, foi o campeão, com 77 gramas de açúcar (ou cerca de 19 colheres de chá) por dose individual. “O que sobrou na panela após a água evaporar era uma gosma nada apetitosa”, diz.
Outro fato interessante é de que ao colocar os pirulitos em contato com água, ele rapidamente se tornava uma bebida novamente.

 
Ao colocar o pirulito em contato com a água ele rapidamente voltava a ser uma bebida 

   Hargreaves  conta que o pirulito de Coca-Cola é estranho com uma textura quase lava

Hargreaves conta que não é muito fã de refrigerantes, tendo deixado de consumi-los na adolescência. Mas ao provar seus pirulitos, sentiu que se tratavam de versões super açucaradas das bebidas.


“O pirulito de Coca-Cola foi o mais estranho porque tem uma textura esquisita, quase como lava”, conta
      







  









domingo, 9 de agosto de 2015

Falta de sabor nas frutas

Bom dia  estimados leitores!
Aqui em casa todos procuramos ter hábitos saudáveis principalmente no quesito alimentação. Como  dona de casa não deixo faltar  frutas e verduras, até que outro dia ao descascar uma manga notei que apesar de ser grande e estar madura, a manga não tinha sabor.Isso mesmo não tinha sabor nenhum, fiquei triste na hora por que aquela bela fruta tinha tudo pra ser perfeita mas conseguiram estraga-lá isso pra não mencionar outras frutas e verduras que passam pelo mesmo processo, são encharcados de agrotóxicos e são tirados dos pés antes mesmo de amadurecerem.
A verdade é que o que comemos a muito tempo  atrás já foi saudável de verdade.É claro que existe o mercado de Orgânicos porém está opção não cabe no bolso de todos.
O artigo abaixo fala um pouco da diferença de sabor  (ou da falta dele)dos alimentos reais e dos artificiais, a comparação é interessante, o alerta é bem claro.

Pri
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Frutas perderam sabor e fast food ganhou: seria essa a causa da obesidade?

 Você tomaria refrigerantes se eles não tivessem sabor? E comeria mais frutas se os morangos voltassem a ser suculentos? Segundo o jornalista Mark Schatzker, autor do livro "The Dorito Effect" (O efeito Doritos, em tradução livre), as frutas e Verduras foram perdendo sabor com o tempo enquanto a comida artificial ganhou aromatizantes que nos levaram a comer demais e ficarmos obesos. A solução, segundo ele? Criar frutas e vegetais mais saborosos. Acompanhe a entrevista:


UOL - Você trouxe o sabor para o centro da discussão sobre obesidade. O aromatizante nos leva a comer mais gordura, açúcar e outras coisas ruins disfarçadas? Mark Schatzker - Sim. Na verdade, eu diria que nossas guerras contra a gordura, o açúcar e os carboidratos foram totalmente em vão. É importante lembrar que nossos avós tinham acesso ao açúcar, gordura e carboidratos e de alguma forma eles evitavam comer além do necessário. Nenhum desses nutrientes mudou com o tempo. O que mudou foram os sabores. E muito. Nos últimos 50 anos, as comidas naturais como frutas e legumes foram perdendo o sabor, enquanto a comida processada foi ficando cada vez "saborosa", no sentido de ter mais sabor, com mais aromatizantes sintéticos. De forma simples, o que consideramos saboroso passou dos alimentos naturais para os processados. E é isso o que todo mundo está comendo agora e que está deixando todo mundo gordo.

UOL - Como podemos mudar nossos hábitos alimentares se grande parte dos alimentos disponíveis hoje é processado ou aromatizado artificialmente? Schatzker - Eu recomendo que as pessoas evitem comidas com aromatizantes artificiais ou "naturais" --que também são sintéticos. Em vez disso, foquem em procurar comidas reais, as mais saborosas possíveis, como frango, morango, tomate e abacaxis.

UOL - Como podemos comer felizes uma maçã depois de já ter provado comidas com sabores tão marcantes quanto um doritos? Precisamos de um tipo de detox? Schatzker - Quanto mais você evita a comida processada, menos ela parece interessante. Para pessoas que costumam comer demais esses tipos de alimentos, cortar é mais difícil. Entretanto, quando se trata de sabor, eu ainda acho que a natureza deve ser o farol para guiar nosso paladar. Os melhores restaurantes não servem doritos ou refrigerantes, eles servem suas melhores carnes, frutas e vegetais acompanhados de vinho. Desde que comecei a comprar alimentos com qualidade, percebi que meu paladar mudou. Eu costumava odiar hortaliças, hoje eu as adoro.

UOL - Você menciona a perda de gosto das frutas e verduras por causa da agricultura moderna. Há uma forma de voltar para o que era antes? Schatzker - A razão pela qual nós perdemos o sabor nas frutas e legumes é a manipulação genética. Nós escolhemos genes como tamanho, vida útil e resistência a pragas. Nunca selecionamos os genes de sabor. E com o passar do tempo, o sabor se perdeu. Porém, se nós nos preocuparmos com o sabor e selecionarmos variedades e sementes que sejam saborosas, podemos capturar de volta o sabor. A Universidade da Flórida já conseguiu criar uma variedade de tomate que é tão resistente quanto os modernos, mas o sabor é muito melhor. Acredito que essa seja a direção que a agricultura precisa tomar.

UOL - Comer um Doritos é viciante. O sabor é o maior causador do vício ou há outros componentes? Como podemos deixar de sermos viciados em comidas ruins? Schatzker - Como disse anteriormente, acho que a comida natural, a comida real, pode ser mais saborosa. Na verdade, acho que a comida real também vicia --mas de uma forma mais saudável. Não há nada de errado em buscar ótimas cerejas, tomates ou pêssegos. Eu também acho que a comida natural tem a habilidade de satisfazer um desejo de uma forma que a comida artificial não tem. Escrevi em meu livro sobre a experiência de comer um frango frito com uma receita especial de família --um frango que foi criado como era há 50 anos (livre, com pouquíssimo hormônio). Foi o melhor frango que já comi na vida, mas estava satisfeito depois de alguns poucos pedaços. Não fiquei comendo além do limite. Nós fomos programados para desejar comida. Desejos são naturais. O que precisamos fazer é colocar o desejo em comidas melhores, mais saudáveis, que realmente nos satisfaçam.
UOL - Por que você escolheu o Doritos para simbolizar os alimentos artificialmente aromatizados? Schatzker - Pela simples razão de que o primeiro Doritos não era aromatizado. Ele era apenas um chips de milho salgado, mas não era muito vendido. Foi aí que decidiram aromatizar com o sabor "taco" e depois com "queijo nacho" e ele se tornou aquele salgadinho irresistível e incrivelmente bem sucedido que conhecemos hoje. É um exemplo perfeito do quanto os sabores artificiais são poderosos e lucrativos. Os sabores artificiais nos levam a comer mais do que nós comeríamos normalmente. Como o exemplo mostra, as pessoas não comeriam salgadinhos de milho com sal loucamente. Ou tomariam refrigerantes. Quanto de refrigerante as pessoas tomariam se tirassem o sabor artificial? O refrigerante sem sabor é apenas água com gás e muito açúcar.

UOL - Qual é a pior comida de todas? Aquela que ninguém deveria comer ou beber de novo? Schatzker - Águas vitaminadas. O rótulo induz as pessoas a acharem que água com açúcar é saudável e o sabor artificial faz ela parecer deliciosa. Os Estados Unidos não sofrem de falta de vitaminas, eles sofrem de calorias demais.

 

 

 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

É hora de parar de ir ao zoológico?

Por Ana Luísa Fernandes
zebraOscar Ciutat
O fotógrafo espanhol Oscar Ciutat realizou um ensaio que captava olhares dos animais no zoológico de Barcelona. Acima, uma zebra.
A vontade de ver de perto uma criatura silvestre tem origem antiga. O biólogo Sérgio Greif explica: "Há indícios de que alguns dos animais mantidos em comunidades pré-históricas não tinham propósitos alimentares, eram mantidos simplesmente pelo prazer de mantê-los".

Já naquela época os animais ficavam presos pela vaidade humana de tentar controlar tudo que vê pelo caminho. Na Idade Moderna, com as Grandes Navegações e a descoberta de novos continentes, as ricas famílias europeias ficaram interessadas nas espécies exóticas das terras distantes. Para completar suas coleções particulares, "importavam" os animais, utilizados como demonstração de riqueza e poder. Em 1515, o Rei D. Manuel, de Portugal, ordenou que levassem até o seu país um rinoceronte da Índia, que foi o primeiro da espécie a pisar em terras lusas desde a época do Império Romano.

O bicho causou comoção, e cartas eram enviadas por todo o país, relatando como era a tal criatura "mítica" (achavam que rinocerontes poderiam estar relacionados com unicórinios). O animal foi oferecido como presente ao Papa Leão X, mas acabou morrendo no trajeto. Com o tempo, essas coleções se tornaram o que hoje conhecemos como zoológicos.

Como um peixe fora d'água

Uma das afirmações utilizadas para justificar o cativeiro ainda naquela época perdura até hoje, mais de 500 anos depois. O contato com os animais estreitaria a relação do ser humano com a natureza. Estimulados pelo conhecimento do que nos rodeia, estaríamos mais dispostos a preservar e respeitar a vida selvagem. Parece lógico, certo? Nem tanto. Sérgio completa: "Não acho realmente que aprendemos a respeitar os animais ou a natureza quando os vemos atrás de grades, reduzidos a uma fração do que os indivíduos de sua espécie representam. Acredito mais que uma visita aos zoológicos nos ensina que podemos subjugar, dominar e aprisionar animais".

 As amostras que são retiradas da natureza e ficam em cativeiro (ou que já nascem lá) não correspondem à realidade e, mesmo sabendo disso, insistimos na criação de espaços artificiais para tentar reproduzir um comportamento que só pode ser percebido em espaços naturais. "O zoológico não é um meio para conhecer um animal em sua essência. A não ser que seja para estudar neuroses de cativeiro", comenta a bióloga Marcela Godoy, professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
girafaOscar Ciutat
Olhar de uma girafa, que fez parte do mesmo ensaio
Se a intenção for estudar as neuroses de cativeiro, os zoológicos são bons centros de pesquisa. Dá para começar com os pinguins que tomam antidepressivos no Reino Unido, e depois passar para os elefantes confinados que vivem menos da metade que deveriam viver, graças ao estresse e à falta de exercícios. Sobre o assunto, Marcela relata: "Já tive oportunidade de visitar as áreas restritas ao público nos zoológicos. Essas áreas incluem os animais que 'sobram' ou que, por conveniência, não estão aptos à exposição ou aos olhos do público por estarem doentes, com transtornos gravíssimos, lesões, ou representarem algum tipo de perigo mesmo estando presos".

Alguns outros bichos apresentam comportamentos repetitivos e obsessivos, como elefantes que ficam balançando a cabeça ou pássaros que arrancam suas penas. Além de úlceras, atrofia de tecidos, aumento das adrenais e mais uma lista enorme de problemas. Em alguns casos, animais são sacrificados pelo zoológico mesmo sem apresentar agressividade ou doença: morrem só porque tinham a carga genética errada. Foi o caso de um zoológico dinamarquês, que no começo do ano passado sacrificou uma girafa saudável porque ela não tinha os genes apropriados para um programa de criação.

Lobo em pele de cordeiro

É claro que existem zoos que tentam, ao máximo, reproduzir as condições naturais do ambiente para que os animais sejam menos afetados. O problema é que só isso não é suficiente. "Um zoológico pode melhorar as condições da exposição, substituindo as barras das grades por fossos, aumentando os recintos, praticando o enriquecimento ambiental, ou tomando outras medidas. Isso causará uma melhor impressão aos visitantes, mas para os animais o problema vai ser o mesmo. Continuarão expostos ao público, sem possibilidade de expressar grande parte de seus comportamentos naturais", diz Sérgio.
Apesar de todos os problemas, verdade seja dita: alguns (e só alguns) zoológicos são importantes na preservação e resgate de espécies. Eles abrigam animais em extinção, realizando diversos programas de reprodução, que incluem congelamento de células e inseminação artificial.

Uma parcela também resgata bichos que sofriam maus tratos em circos e parques. Mas a exposição e confinamento são desnecessários. Marcela expõe: "Os zoológicos que respeito são aqueles que cumprem seu papel de reprodução de espécies e reintrodução das mesmas na natureza. Sem exposição ao público. Esses, infelizmente, podemos contar nos dedos de uma mão só quantos existem no Brasil". Em 2013, a Costa Rica percebeu que não fazia sentido defender a proteção da natureza se eles mesmos mantinham animais em cativeiro. O país, que concentra uma das biodiversidades mais complexas do mundo, tomou uma decisão radical: todos os zoológicos estatais foram abolidos.

rinoceronte
Aqui, um rinoceronte, tabém parte do ensaio
 
 
Mas a sua curiosidade pelo reino selvagem não precisa sumir, não. A tecnologia está aí para isso: documentários, vídeos, fotos. Agora, se você realmente quer ver de perto, pode ir a parques com animais silvestres. A visibilidade vai ser menor - e a adrenalina bem maior -, mas assim é possível enxergar a natureza como ela realmente é, o que é bem melhor que só ver o que ela não foi. Se você não estiver interessado, também não tem problema, como finaliza Marcela: "A maior contribuição que os seres humanos podem oferecer aos animais é deixá-los em paz".
 
Fonte: SuperInteressante